Onde estão os equipamentos esportivos?
Por Darcio Ricca
Para chegarmos na análise dos equipamentos esportivos dos 46 Centros Esportivos (CE´s) da cidade de São Paulo, fizemos uma trajetória até aqui que passou por 3 etapas primordiais:
- existência e distribuição dos CE´s por regiões, habitantes e proporções de atendimentos;
- mobilidade urbana e acessibilidades;
- espaços de convivência, lazer, eventos e cultura.
Recomendo, sempre que necessário, que retornem nos episódios anteriores, a fim de que possam evidenciar os argumentos desta pesquisa.
Existir, localizar, abranger, acessar, conviver, sociabilizar e desfrutar são os verbos e ações que remetem ao título deste, com o adendo das análises dos equipamentos esportivos disponíveis.
Leve-se em conta sempre o meu projeto para a nossa cidade, o Programa Formação de Talento e Cidadania, como política pública para São Paulo e, por conta dele, estabelecer-se argumentos ao recorte em 2024.
Por equipamentos esportivos, nos veem à mente quadras, campos, academias, salas, ginásios, pistas, piscinas, paredões e outros equipamentos e acessórios para as aulas e práticas esportivas e desportivas – da introdução ao alto rendimento – da forma mais poliesportiva possível.
Para formar em cidadania e em esporte/desporto, todos estes verbos que outrora conjuguei, não são suficientes se levarmos em conta que a estrutura, a qualidade e a pluralidade de opções, precisa se fazer presente para que se inicie de fato os preceitos do Programa Formação de Talento e Cidadania.
Vocês conhecem os esportes que compõem os Jogos Olímpicos de Verão?
Cabe aqui apresentar a vocês uma lista – dos que fazem parte e dos que já fizeram parte dos referidos Jogos– sendo uma considerável oportunidade de acesso, conhecimento, prática e identificação:
- aquáticos (natação competitiva, artística, maratona aquática, saltos ornamentais e polo aquático);
- tiro com arco;
- atletismo;
- badminton;
- basquete e basquete 3×3;
- boxe;
- breaking;
- canoagem de velocidade e slalom;
- ciclismo (BMX freestyle, BMX Racing, de estrada e de pista);
- hipismo (adestramento, salto e concurso completo);
- esgrima;
- cricket;
- futebol;
- golfe;
- ginástica artística, rítmica e de trampolim;
- handebol;
- hóquei;
- judô;
- karatê;
- pentatlo moderno;
- remo;
- rugby e rugby sevens;
- vela;
- tiro esportivo;
- skate;
- escalada esportiva;
- surfe;
- tênis;
- tênis de mesa;
- taekwondo;
- triatlo;
- vôlei de quadra e de praia;
- levantamento de peso;
- luta greco-romana e estilo livre;
- softbol;
- beisebol.
Fica claro que por questões de ordem cultural, geográfica e demográfica, nem todos os esportes mencionados são viáveis aos 46 CE´s, cabendo aos clubes, federações, confederações esportivas e demais parcerias público-privadas colaborarem para a disseminação de seu esporte específico.
Mas, isto não serve de justificativa para as deficiências e necessidades de ampliação dos equipamentos já existentes nos 46 CE´s da capital, sem contar os problemas com manutenção preventiva, corretiva e modificações essenciais.
Pelo que analisei, temos alguns números bem preocupantes no que se refere a equipamentos básicos:
- Pistas de atletismo: 3 (menos de 7%) – ponto mais crítico e grave, uma vez que tem apenas 16 pistas de caminhada (35%), 1 de aeromodelismo contra nenhuma de bicicross e apenas 9 de skate (20%);
- Ginásios poliesportivos: 20 (43 %, nem a metade dos CE´s) – necessária a adequação das demais quadras poliesportivas (43) e sua respectiva redistribuição;
- Quadras e campos de esportes na areia: 8 (17 % não são quase nada!);
- Piscinas semi-olímpicas e olímpicas: 14 (apenas 30 % e 4 interditadas), sendo que as piscinas de recreação – para apoio nas aulas introdutórias – são 32 (69 %), o que pode ajudar, se bem utilizadas e redistribuídas em CE´s que não tem as versões olímpicas;
- Academias de judô: 14 (30 %), sem outras opções de artes marciais;
- Academias de boxe: 5 (nem 11 % !);
- Academias ao ar livre: 32 (quase 70 %), que precisariam ter funções mais poliesportivas, como tantos outros equipamentos, mesmo aumentando as ofertas quantitativas;
- Campo de Rugby: 1 apenas contra 1 Ginásio de Sumô;
- Quadra de tênis: 29 (63 %, bem razoável, porém quase todas de saibro e apenas 2 de piso sintético);
- Bocha e malha: 15 (33 %), uma boa iniciativa a ser ampliada;
- Campos de futebol: 28 (61 %, divididos entre society e campo oficial de grama) – a ser melhorado;
- Quadras adaptadas para PCD´s: 7 (apenas 15 % !!!);
- Quadras de basquete 3 x 3: 10 (boa iniciativa, possibilidade de ampliação);
- Quadras de futsal: 45 (quase 100 %, mas mal distribuíudas);
- Quadras de gateball: 12 (26 %) e é muito bom, considerando que trata-se de introdução ao cricket, esporte olímpico a partir dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028;
- Campos de Softbol e Beisebol: 5 (pouco mais de 10 %), embora dois esportes que já não fazem mais parte do calendário olímpico, sempre pode retornar e é muito estimulante;
- Pista de patinação de hóquei: 1 apenas, considerando que o hóquei sobre patins vai voltar, junto com o cricket, em Los Angeles 2028
Considerando os exemplos de equipamentos acima – sem mérito de análise a respeito de acessórios – caminhamos muito lentamente pela diversidade esportiva, ainda mais na capital mais rica da América Latina, tão diversa, tão múltipla e tão desigual.
No próximo episódio, vamos falar de aulas, planejamento, formação, seleção… os recursos humanos em ação.
Preciso saber de você…
Faltou algum ponto a ser abordado na questão de equipamentos esportivos nos CE´s? Comente.
ESPORTE E CIDADANIA: Quando jogam juntos, todo mundo ganha!
“O esporte precisa da cidadania para encontrar pessoas e as pessoas precisam de cidadania para ter acesso a tudo.”