Foram dezenove dias de pura emoção com tanto esporte para torcer e apreciar. E por que não dizer comemorar! Não brilhamos no tênis, mas as mulheres fizeram bonito demais em quantidade e qualidade. Estrelas consagradas e novas estrelas.
Recorde absoluto de participação de mulheres, para desgosto do seu criador, Pierre de Coubertin. O barão que criou os Jogos Olímpicos da modernidade há 128 anos, jamais poderia imaginar o quanto as mulheres se envolveriam com atividades físicas, a ponto de representarem quase a metade dos participantes dessa edição.
Com pensamentos retrógrados a esse respeito, elas foram vetadas na primeira edição mas já na segunda, em 1900, com 22 representantes num total de quase 1000, estrearam nas modalidades tênis e golfe. Na sua concepção hoje rotulada de machista, mulheres eram fisicamente frágeis e inadequadas para competições esportivas e o seu papel limitado ao de companheiras e boas mães.
Ah! se ele pudesse sentir o impacto do soco da baiana Beatriz Ferreira ou a potência de um forehand da Bia Haddad, ao menos parte dos seus pensamentos, influenciados pela cultura da época (final do século XIX) teriam mudado.
Quanto ao nosso esporte, o tênis seguiu firme, com participação mista até 1924, em Paris, e de lá até 1988, em Seul, ficou suspenso dos Jogos em função do tal amadorismo marrom (jogadores recebiam dinheiro por fora para participarem). Embora em 1968 e 1984 tenha aparecido como exibição, nesse último em Los Angeles, a regra de participação restringia a jogadores com até 21 anos.
Finalmente o retorno triunfal aconteceu em Seul de 1988, onde profissionais puderam finalmente participar. E aí ficou também para trás meu sonho de participação olímpica, já que justamente essa ausência de 64 anos pegou minha fase de tenista profissional.
Enfim voltando à Paris 2024, alguns dias já passados das finais, vale remarcar que a chave feminina teve mais surpresas que a dos homens, uma vez que o sérvio Novak Djokovic só aumentou a galeria de prêmios, mas a chinesa Qinwen Zheng levando o ouro pode ter significado mais que o título.
E, por falar em oportunidades, o Instituto Patrícia Medrado que criei em 1998, oferece esporte e cidadania, para além das aulas de tênis.
Abordamos, entre tantas pautas de cidadania: orientação vocacional para o mercado de trabalho e empregabilidade, projetos de menores aprendizes e estágios, cursos de idiomas, além dos naturais intercâmbios e parcerias em que ajudamos nossas crianças e jovens matriculados no Instituto a vislumbrarem um futuro melhor.
E, extraindo de nossa página https://institutopatriciamedrado.org.br/, destacamos:
O que nos motiva: Acreditamos nos potenciais de cada pessoa, de cada aprendizado e de cada conquista.
Inspiramos milhares de crianças e jovens a transformarem seus potenciais em realidade.
O tênis nos inspira a uma jornada de autodescoberta. Quem joga, sabe.
Num diálogo constante com nós mesmos durante uma partida, enfrentamos nossas barreiras mentais, superamos vícios de comportamento, levantamos a cabeça e começamos de novo a cada ponto.
No tênis não tem bola perdida. Como na vida.
Ex-tenista profissional
Heptacampeã mundial em simples
Octacampeã mundial em duplas femininas
Bicampeã mundial em duplas mistas
medalha de prata dos Jogos Pan-Americanos da Cidade de México (1975)
48ª posição no ranking mundial de simples (1983)
9ª posição no ranking mundial de duplas, ao lado de Claudia Monteiro (1987) *
*(juntas chegaram às quartas de final de Wimbledon em 1982)
Orientando crianças a ingressar no esporte (desde 1998) trouxe ao Brasil o Programa “Tênis nas Escolas”, criado pela Federação Internacional de Tênis com o propósito de tornar o esporte acessível a todas as camadas sociais (1996)
https://institutopatriciamedrado.org.br/
https://www.linkedin.com/in/patr%C3%ADcia-summers-medrado-2b362b78/