Por Tâmyack Macêdo, esporte badminton
O esporte é uma grande ferramenta de alcance e impacto social, sendo também um aliado poderosíssimo na inclusão social e promoção da cidadania, oferecendo oportunidades de desenvolvimento físico, emocional e social para pessoas com deficiência física e este movimento tem sido impulsionado nos últimos anos.
A exemplo, em São Paulo o CPB tem desempenhado um papel fundamental na promoção e organização do esporte paralímpico no país, proporcionando aos atletas com deficiência condições adequadas para a prática esportiva e a participação em competições nacionais e internacionais.
Os Jogos Paralímpicos Rio 2016 marcaram um ponto de inflexão significativo, aumentando a conscientização sobre o potencial e as capacidades dos atletas com deficiência. Este evento não apenas destacou as habilidades desses atletas, mas também promoveu uma mudança cultural importante no cenário nacional.
Atualmente falar que a prática de exercício físico traz benefícios à saúde, isso já é de notório saber popular, porém entender que a inclusão social da pessoa com deficiência é um processo que se estende desde o conhecimento, a aceitação, a participação, a inclusão, os benefícios até chegar ao pertencimento, os benefícios alcançados vão muito além dos aspectos físicos, auxiliando em outras áreas como por exemplo questões terapêuticas e psicológicas, entender esse processo requer um amadurecimento e um esforço muito maior, principalmente ao ressaltar a sua inclusão no âmbito das políticas públicas e da iniciativa privada.
A criação de programas específicos voltados para a inclusão de alunos com deficiência em atividades esportivas é um passo fundamental, na verdade, são essenciais para a descoberta de novos talentos e para a introdução ao esporte desde cedo.
Em 2010 comecei um trabalho social com deficientes físicos, um trabalho tímido e sem grande alcance em minha cidade com apenas um cadeirante que se propôs a jogar badminton junto a equipe da instituição, jamais saberia a proporção desta pequena brecha que dei ao esporte adaptado, alcançamos e continuamos a alcançar muitas vidas com o paradesporto.
Pessoas que outrora tinham pensamentos negativos e até de suicídio encontraram um novo propósito através da prática esportiva, já atendemos mais de 50 pessoas e atualmente este trabalho está em sua segunda geração e hoje atende a quase 20 deficientes sendo uma modalidade de referência em nossa cidade.
Pensamos que melhoramos muito, porém não precisamos ir longe para descobrir que muitas vezes a falta de acessibilidade e de inclusão não está distante, as vezes está “em nossa própria calçada alta ou até mesmo dentro de nossas casas”, é inegável que melhoramos, porém não estamos avançando a passos largos, tal como imaginamos, na verdade a nossa conduta social ainda é muito tímida sob esta ótica, é necessário expansão e desmistificar a ideia de invalidez, incapacidade ou mesmo de ser um peso na sociedade, não precisamos de mais páreas. O esporte é uma ferramenta poderosa na formação de diversos valores como disciplina, respeito, cooperação e solidariedade, contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes e participativos.
Apesar dos avanços significativos, ainda existem desafios a serem enfrentados.
A falta de infraestrutura adequada, o preconceito e a falta de recursos financeiros são barreiras que precisam ser superadas para que o esporte inclusivo possa atingir seu pleno potencial no Brasil. A continuidade do investimento em programas de formação, a melhoria das condições de treinamento e a promoção de eventos inclusivos são fundamentais para a consolidação do esporte inclusivo como um direito de todos os cidadãos.
O esporte inclusivo no Brasil não apenas promove a saúde e o bem-estar das pessoas com deficiência, mas também desempenha um papel vital na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Ao valorizar o potencial de cada indivíduo, o esporte contribui para a formação de cidadãos mais engajados e conscientes, fortalecendo os laços sociais e promovendo a igualdade de oportunidades.
“Eu pensei que eu transformaria vidas através da minha profissão, e de fato transformamos… Mas confesso que a primeira a mudar foi a minha!”
Tâmyack Alves de Macêdo
Assistente Técnico – Confederação Brasileira de Badminton (Analista de Desempenho)
Mestre em Educação Física – UCB em Brasília
Especialista em Desporto Escolar – IFPI
Licenciado e Bacharel em Educação Física – UESPI
Trabalho com Parabadminton desde 2010 e inclusão social de atletas com deficiência física e auditiva.
Envolvido na organização de diversos eventos da modalidade, incluindo participações no Olímpiada Rio 2016, Pan-americanos da modalidade, torneios internacionais sediados no Brasil, e grandes eventos nacionais de entidades parceiras como COB, CPB, CBDE e CBDU.
Instagram: @tamyackmacedo